" O valor próprio, as idéias sobre o que consistiam lealdade e
motivação, e os conceitos de liderança foram moldados sob um paradigma muito
diferente daquele no qual agora operavam. O que os levara até lá não os
manteria, nem manteria as organizações. Todavia, é muito difícil renunciar.
Conforme disse um diretor-presidente, “velhos cães podem aprender novos
truques, mas é dificílimo! Os velhos truques é que antes nos transformam em
velhos cães!”
A primeira tarefa é tirar a cola antiga, que era externa e
aplicada de cima para baixo, e substituí-la por um novo adesivo que seja
interno e auto-gerenciado. A cola antiga era feita de esbanjamento, hierarquia,
burocracia (no sentido positivo desta desvirtuada palavra) e mobilidade
ascendente. Lealdade era sinônimo de entrosamento, e a principal propriedade do
adesivo era o paternalismo aplicado. Para produzir uma nova cola, precisamos
compreender cinco pontos básicos:
1.Motivação e compromisso não são limites irrevogáveis para
o emprego vitalício, a lealdade à empresa, e o entrosamento.
2.É possível — na verdade, essencial para a sobrevivência —
realizar um excelente trabalho em prol dos outros, sem uma garantia de emprego
vitalício e sem colocar os ovos sociais, emocionais ou financeiros na cesta
organizacional.
3.O compromisso e a produtividade organizacionais não são
diminuídos pela lealdade a si mesmo, à equipe e a profissão.
4.Liderança é muito diferente em uma força de trabalho
autônoma que não está sobrecarregada pelo medo, por falsas expectativas de
promoção ou por distrações políticas e tentando impressionar o chefe.
5.Quando as pessoas mantêm uma relação pessoal porque assim
o escolheram e sabem que dela podem sair sem culpa, quando exércitos são feitos
de voluntários e não de pessoas recrutadas, e quando as pessoas escolhem
permanecer em uma organização em virtude do trabalho e dos clientes, sabendo
que talvez não possam ficar por toda uma carreira, costumam ser mais produtivas
e compromissadas. Este é talvez o aprendizado mais profundo, que chamo de o
paradoxo da liberdade. O paradoxo da segurança no emprego é que quando
as.pessoas escolhem ficar pelas razões certas (o trabalho e o cliente), em
oposição às erradas (falsas expectativas de garantia de emprego), a segurança
no emprego costuma aumentar!
Às vezes, quando estou trabalhando com dirigentes
empresariais em sua busca por esta nova e indefinível cola, fecho os olhos e
penso em um grande pote de cola no meio da sala de reuniões. E imagino como
seria a receita para ela:
•Encha o pote de cola com água límpida, fresca e pura de
espírito humano fortalecido.
•Tome um cuidado especial para não contaminar com idéias
preconcebidas ou poluir com excesso de controle.
•Encha bem devagar; observe que o pote somente pode ser
enchido de baixo para cima. É impossível fazer o contrário!
•Misture partes iguais de foco no cliente e orgulho pelo bom
trabalho.
•Deixe levantar fervura e combine com uma porção liberal de
diversidade, uma parte de auto-estima e uma parte de tolerância.
•Misture lentamente responsabilidade.
•Mantenha em ponto de ebulição até que se torne homogêneo e
consistente, misturando com liderança compartilhada e metas claras.
•Tempere com uma dose de humor e uma pitada de aventura.
•Deixe esfriar e guarneça com uma cobertura de valores
essenciais.
•Sirva cobrindo todas as caixas do organograma, dando
especial atenção aos espaços em branco. Com a correta aplicação, as caixas
desaparecem e tudo que pode ser visto é produtividade, criatividade e
assistência ao cliente.
Isto é apenas uma receita. Cada organização deve propor a
sua. E fazer o próprio preparo. A nova cola não se compra pronta. "
Fonte: O Líder do Futuro - Peter Drucker
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