quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tecnologias que vão mudar os negócios

Estar em dia com as inovações tecnológicas é um desafio para qualquer empreendedor. Saber qual tecnologia adotar — ou deixar de usar — é uma decisão estratégica que pode interferir na saúde da empresa, para o bem ou para o mal. Apesar de a tecnologia se desenvolver e se transformar rapidamente, seu crescimento é orgânico: os novos avanços surgem de ideias antigas e seus desdobramentos. Muitas das tendências apontadas para 2011 já vêm se desenvolvendo há algum tempo. A diferença é que só agora se tornaram viáveis. Em 2011, as empresas brasileiras devem começar a caminhar para a nuvem e usufruir das vantagens da virtualização dos servidores. Além disso, a comunicação entre máquinas (M2M) vai se tornar ainda mais complexa. Pequenas Empresas & Grandes Negócios apurou produtos e serviços que devem chamar a atenção das empresas em 2011.

1> BLUETOOTH 3 E 4
No próximo ano, essas duas versões da tecnologia devem ganhar as ruas, os smartphones e os notebooks. O Bluetooth 3 tem alta velocidade e maior capacidade de transmissão de dados — e, com isso, oferece mais possibilidades aos produtores de conteúdo. Já o Bluetooth 4 foi feito para proporcionar um baixo consumo de energia. Suas aplicações vão desde o fone de ouvido de celular a medidores de energia e marca-passos.

2> DESIGN 3D
Segundo a consultoria Jon Peddie Research, especializada em computação gráfica, 2011 será o ano da popularização do design em 3D. Por dois motivos: o mercado, que estava contraído por causa da crise, está lançando novos produtos; periféricos para desenho em 3D, como mouses especiais, finalmente serão vendidos a preços praticáveis.

3> ESCRITÓRIO NA CAIXA
O brasileiro ainda não conhece bem a “caixa de conectividade”, mas nos EUA o aparelho já está disseminado. Ele reúne serviços de voz, dados e rede, com as soluções necessárias no escritório, como banda larga, telefonia VoIP, PABX, e-mails, servidor e sistemas de segurança. O Office in a Box da americana SMC já está disponível no país.

4> IDENTIFICAÇÃO DO CONSUMIDOR
Termos como monitoramento de redes sociais e buzz tracking (algo como “rastreamento dos comentários”) devem fazer parte do vocabulário de pequenas empresas. Analisar o que foi dito na internet pode ser a melhor ferramenta para entender o consumidor, melhorar a qualidade dos produtos e assegurar uma boa imagem para a empresa.

5> CÂMERAS DE INFRAVERMELHO
Quer cortar despesas com a manutenção de maquinário e sistemas elétricos? Compre uma câmera fotográfica de raios infravermelhos. A tecnologia, considerada a mais adequada para identificar diferenças de temperatura, já está disponível para uso comercial a um preço relativamente acessível para pequenas e médias empresas: a partir de R$ 10 mil.

6> COLABORAÇÃO
As plataformas de colaboração permitem a troca rápida de informações entre seus membros, criando um repertório de soluções valioso para a empresa e seus funcionários. Não é preciso ser um megaempresário para contar com o privilégio. A nova tecnologia pode ser usada tanto por pequenas empresas, setores específicos de um negócio ou então por corporações gigantes, como Microsoft, Google, Cisco e IBM.

7> MASH-UP
Sites do tipo mash-up são aqueles que usam conteúdos e ferramentas de diversos outros endereços virtuais para criar serviços. A novidade é que, agora, ter um site mash-up será fundamental para alavancar o seu negócio. Segundo os especialistas, os donos de sites que queiram envolver seus clientes terão de criar uma arquitetura complexa, combinando dados e aplicações de fontes como Google, Amazon, Wikipedia e redes sociais.

8> BIOMETRIA DE VOZ
O reconhecimento da fala é uma tendência para sistemas de segurança de dados. O Citibank da Austrália já começou a implantá-lo em seus terminais e centrais eletrônicas, e o governo dos Estados Unidos já manifestou sua intenção de utilizá-lo para proteger seus serviços on-line.

9> MEDIDOR INTELIGENTE DE ENERGIA
Imagine se fosse possível acompanhar e controlar o consumo energético da sua empresa via computador. Ou melhor, programar os aparelhos para serem usados no horário de menor tarifa. Essas e outras funções já são possíveis com medidores inteligentes de energia. Para isso ocorrer, porém, é preciso trocar os medidores de energia analógicos por modelos digitais. A mudança já está sendo discutida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

10> CLOUD COMPUTING
A grande pergunta é: quando a nuvem vai pairar de vez sobre o Brasil? Muitos empreendedores ainda não quiseram arcar com os custos da mudança do modelo de servidor físico para virtual. A novidade é que grandes empresas, como Google e Amazon, devem ter papel de destaque nessa evolução, atuando como provedores de serviço, segundo um estudo do banco de investimentos Barclays. Engana-se quem acredita que esse é um recurso inatingível. Empresas brasileiras já podem ter acesso a soluções existentes na nuvem, como virtualização, gerenciamento remoto e softwares corporativos baseados na rede.

11> COMPUTADOR COM COMANDO DE VOZ
Finalmente tornou-se possível navegar decentemente usando a voz. A tecnologia não é novidade, mas demorou a emplacar devido à complexidade da linguagem falada. Agora, novos algoritmos são capazes de perceber inflexões na voz e acrescentar informações, como sotaque, regionalismos e gírias. O reconhecimento ainda não é perfeito, mas já é um alívio para quem tem os tendões doídos de digitar o dia inteiro.

12> COMPUTAÇÃO UBÍQUA
Ou “internet das coisas”, para os íntimos. Em um futuro não muito distante, pequenos chips estarão embutidos em praticamente todos os objetos, trocando informações em rede. Esse diálogo irá gerar dados precisos sobre as condições e localização dos produtos. É uma ferramenta valiosa
para traçar estratégias operacionais de marketing e logística.

13> APLICATIVOS MULTICOISAS
Primeiro eles vão chegar à TV. Em pouco tempo, porém, programas semelhantes aos encontrados no celular deverão estar disponíveis até mesmo na sua geladeira. Já há experiências utilizando o sistema Android, do Google, para transformar um micro-ondas em um aparelho conectado à web. Por enquanto, as funcionalidades ainda não são tão futuristas, mas pode-se dizer que estão bem avançadas. O aplicativo Vizio permite que o usuário utilize Netflix, Flickr e Twitter em sua TV. Claro, para a moda pegar, é preciso fabricar TVs que suportem os aplicativos, mas isso já começou a ser feito. Um exemplo: a Samsung fechou uma parceria com a Microsoft para fabricar um aparelho que leve o MSN para a TV.

14> VIRTUALIZAÇÃO DE DESKTOP
Com as possibilidades da nuvem, as empresas devem pensar seriamente na virtualização dos desktops. Com esse sistema, todas as máquinas rodam em um único servidor virtual, mas cada uma mantém as configurações próprias de seu usuário. É a melhor solução para acesso remoto à máquina, já que proporciona compatibilidade de aplicações entre os computadores e reduz gastos com hardware e energia.

15> SOFTWARES CORPORATIVOS NA INTERNET
Uma das promessas da nuvem são softwares corporativos on-line que correspondam ao grau de exigência das empresas. Como não há necessidade de instalação em um servidor físico, as licenças para esses produtos são mais baratas. Um sinal do início da nova fase é a entrada da Microsoft no mercado: seu Web Office irá competir com Google Aps, Zoho e Think Free.

16> PAGAMENTOS MÓVEIS
Varejistas, fiquem atentos: em 2011, os clientes vão pagar suas contas pelo telefone celular. Será possível fazer isso de duas formas — via SMS ou por aproximação. Atualmente, o serviço já está disponível em alguns bancos no país, mas a base de usuários ainda está restrita às áreas de teste. No ano que vem, porém, a Federação Nacional dos Bancos deverá regulamentar o modelo de negócio que vai chegar às principais praças brasileiras.

Fonte:  PEGN / Thiago Cid

sábado, 22 de janeiro de 2011

A próxima onda


A demanda por motocicletas, celulares, eletrodomésticos, entre outros bens de consumo, gerada pelo aumento da renda da população brasileira de classes D e E, como reflexo das políticas de combate à pobreza que vêm sendo introduzidas no Brasil desde o início dos anos 90(1), atenuou o impacto da crise sobre a nossa economia. Mas é necessário aprofundar a reflexão sobre o significado do aumento do poder de compra desse grupo, fenômeno que está ocorrendo em escala global. Ele tem decorrido de processos de urbanização e de políticas de renda similares às nossas e que vêm sendo aplicadas em países populosos, como Índia, China e México – relação que pode crescer, na medida em que outros países têm buscado aderir às metas de redução da pobreza definidas desde 2000, pela Declaração do Milênio (ONU)(2).

A população mundial está estimada em 6,8 bilhões de pessoas, de acordo com o U.S. Census Bureau. Dessas, segundo estimativas do Banco Mundial, 79,7% (ou 95% da população dos países em desenvolvimento) vivem com menos que US$ 10 por dia (ver Martin Ravallion, Shaohua Chen and Prem Sangraula, Dollar a Day Revisited, World Bank, maio/2008).

Ou seja, 5,4 bilhões de pessoas vivem com US$ 300 – o equivalente a R$ 510 – mensais ou menos.

O Banco Mundial tem periodicamente revisto suas estatísticas que tratam de medidas de pobreza, em razão do aumento do custo de vida na maior parte dos países em desenvolvimento – destacando-se entre eles os com alimentação, energia e habitação, para a maior parte dos países – e de acesso à água potável para alguns países, como o México. De 2000 a 2010, 227 milhões de habitantes de países em desenvolvimento deixaram de viver em favelas. Apesar da conquista, 828 milhões de pessoas, ou 32% da população urbana desses países, ainda vivem nessas aglomerações urbanas, segundo dados da State of the World”s Cities 2010/2011 (UN-Habitat).

A Índia, onde 367 milhões de pessoas vivem em favelas e a migração para cidades continuará, abriu um enorme mercado para a busca de soluções para a habitação de baixa renda e de gerenciamento de processos na área de saneamento básico. O governo daquele país investirá US$ 100 bilhões até 2015 em infraestrutura urbana para o gerenciamento de água e resíduos sólidos.

A política industrial chinesa também busca soluções para reduzir a pressão sobre a necessidade de moradia decorrente da urbanização e visando a reduzir o consumo de água.

A crise levou ao fortalecimento do papel dos governos e ao ressurgimento do interesse dos países desenvolvidos em formular políticas industriais. Mas o Primeiro Mundo provavelmente continuará a buscar o mercado dos 20% dos habitantes do planeta que vivem com mais que US$ 300 mensais, em que reside maior poder de compra.

O Brasil tem 192 milhões de habitantes, dos quais 161 milhões de pessoas (84% de sua população) vivem em áreas urbanas, em 50 milhões de domicílios permanentes urbanos. Desses, 23,6 milhões – ou seja, quase a metade – são habitados por pessoas que recebem até um salário mínimo, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, do IBGE. O Censo de 2000 ainda apontava para a cifra de 12 milhões de pessoas vivendo em favelas no Brasil. Segundo estimativas da ONU, em 2010, entre os habitantes de áreas urbanas no País, aproximadamente 26,4%, ou 42,5 milhões de pessoas, vivem hoje em favelas (estimativas da State of the World”s Cities 2010/2011). O Censo 2010 nos trará dados mais atuais sobre o tema.

As despesas com habitação consomem 39% da renda das famílias que vivem em áreas urbanas e recebem até R$ 830. Em seguida vem a alimentação, que consome 26%; transporte, com 8,8%; e saúde, que responde por 5,5% das despesas (Pnad). A experiência brasileira pós-crise mostrou que qualquer aumento da renda no contingente mais pobre surte enorme efeito anticíclico. Assim, medidas que objetivem reduzir as despesas dessas famílias provavelmente surtirão o mesmo efeito.

Hoje, vários países com grandes populações passam por processos de urbanização muito fortes, o que tem fortalecido, num primeiro momento, apenas a demanda por bens de salário, de produção da indústria extrativa, da transformação primária e siderurgia. Mas, numa próxima onda, o processo fortalecerá a demanda por soluções que aumentem a renda disponível dos mais pobres.

Destaco a necessidade de, no âmbito da política industrial do próximo governo, desenvolver produtos e soluções – preferivelmente sustentáveis – direcionados para atender ao enorme contingente de novos consumidores, tendo como público alvo as classes D e E, no Brasil e em outros países em desenvolvimento.

O estímulo às inovações poderá ocorrer por meio de políticas de compras governamentais, financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), direcionamento das disciplinas nas universidades e das pesquisas para o desenvolvimento, por exemplo, de sistemas modulares de construção civil, soluções físicas e químicas de baixo custo para o saneamento em áreas onde o sistema público não é acessível, soluções sustentáveis na captação, uso e reúso de água, como filtros, válvulas e bombas de uso doméstico, entre tantos outros produtos.

(1) Projeto de Lei da Câmara n.º 2.661, de 1992 (PLS 80/91), que pretendia instituir o Programa de Garantia de Renda Mínima. Benefício de Prestação Continuada (1993), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (1996) e Programa Comunidade Solidária (1995), Bolsa-Escola (2001), Bolsa-Alimentação (2001), Auxílio-Gás (2002), Cartão Alimentação (2003) e Bolsa-Família (2003).

(2) Em 2000 foi lançada pela ONU a Declaração do Milênio – plano de ação global com oito objetivos, monitorado por 48 indicadores a serem alcançados até 2015. Entre os objetivos se destaca a erradicação da extrema pobreza e da fome em escala mundial (ONU, 2010).

Fonte: O Estadão (out/10)

sábado, 15 de janeiro de 2011

O que não pode ficar de fora dos contratos? Faça a checagem dos aspectos mais importantes a prever em documentos sobre a sociedade, a locação de imóveis e as negociações de compra e de venda


Conflitos entre sócios, calotes, tributos exagerados e até mesmo o pagamento de indenizações para funcionários terceirizados são alguns dos riscos que as empresas correm por conta de contratos mal redigidos. Segundo uma pesquisa da Associação Nacional de Gestão de Contratos (ANGC), 68% dos negócios enfrentam dificuldades em identificar e avaliar cláusulas específicas e riscos estabelecidos nos textos legais — mesmo aqueles com faturamento acima de R$ 100 milhões, que compuseram dois terços das companhias consultadas em todo o país. Metade dos entrevistados não conta com métodos de gestão de contratos. E também metade mantém algum tipo de terceirização sem documento de formalização.

Os contratos precisam ser bem detalhados. É comum que empresas sem departamento jurídico procurem modelos de documentos na internet, motivadas pela solução rápida e barata. Só que quase sempre é necessário ir além. Se uma condição negociada não estiver prevista nesse modelo, o contratante ficará descoberto.

Para Antonio Jacinto Caleiro Palma, professor de Direito Empresarial da FGV, a falta de especificidade pode funcionar como uma bomba-relógio. “Já vi casos de negócios comprometidos porque o contrato social não previa, por exemplo, a morte de um sócio. É uma situação de risco. Um herdeiro sem preparo pode assumir a direção ou ainda haver uma briga interna”, afirma.

Na hora de redigir o compromisso, erros de linguagem também podem comprometer o resultado. “Não é só o português. Muitas vezes a escrita é confusa e não reflete o que foi acordado entre as partes. O texto tem de ser claro e não dar margem a dúvidas ou interpretações”, explica Mayra Palópoli, sócia do escritório Palópoli e Associados.

O advogado José Dilecto, do escritório Crivelli & Associados, calcula que uma gestão eficiente de contratos possibilite uma economia de até 30% em custos de indenizações indevidas a trabalhadores terceirizados, calotes e falta de cumprimento de acordos, além de evitar multas, desgaste com clientes e fornecedores e eventuais despesas com processos longos. Confira a seguir se você prevê as cláusulas mais importantes para cada tipo de contrato.

FAÇA SEU CHECK-LIST  Uma lista para verificar se seus contratos estão em ordem

CONTRATO SOCIAL

> O objeto social abrange todas as atividades da empresa?
A cláusula deve prever em detalhes tudo o que o empreendimento vai fazer. Fique atento às especificações da legislação para cada área. Por exemplo, um negócio de saúde exige um profissional habilitado para funcionar. Se entre os sócios não houver nenhum, será preciso deixar claro que a responsabilidade ficará a cargo de um departamento técnico.

> O contrato leva em consideração o melhor regime tributário?
O objeto social define se o empreendimento pode ser enquadrado no Simples Nacional — um regime fiscal diferenciado para micro e pequenas empresas. Quem fica de fora está sujeito a um aumento de carga tributária de até 200%. Mas cuidado: não adianta pensar em tirar vantagem da legislação com atividades não condizentes às reais. Se a empresa não atuar conforme o contrato, além de ter de pagar a diferença não recolhida, as multas chegam a 150% desse valor.

> Os cargos dos sócios estão detalhados?
De acordo com o Sebrae, brigas entre sócios são responsáveis pelo fechamento de 9% dos empreendimentos no país. Para evitar conflitos, é preciso descrever o cargo que cada sócio atuante vai ocupar, além de determinar a hierarquia administrativa.

> As responsabilidades dos diretores fazem parte do contrato?
É importante relacionar funções específicas. Por exemplo, quais diretores podem assinar pagamentos. “A movimentação financeira deve estar atrelada à aprovação de mais de um sócio para assegurar a transparência”, diz Antonio Palma, professor da FGV. Ele também reforça a necessidade de se condicionar aumento de capital à aprovação de 100% dos sócios. “Caso contrário, a parte com mais dinheiro pode pulverizar a participação dos demais.”

> É prevista a saída de sócios?
Desistência ou morte de um sócio são situações que podem gerar disputas. Os riscos vão desde a entrada no negócio de um herdeiro despreparado e sem comprometimento às brigas pelo controle. O documento deve estabelecer as condições de transferência e compra das ações, com valores e prazos de pagamento.

CONTRATO DE LOCAÇÃO

> O prazo de ocupação é adequado?
É um erro adotar períodos de contratos residenciais, que, em geral, estendem-se por 40 meses (3 anos e meio) ou menos. Prazos curtos significam antecipar a renovação e suas consequências, como aumento dos valores e a possibilidade de despejo repentino. O padrão para contratos comerciais é de cinco anos.

> O acordo inclui cláusula de renovação compulsória?
O documento deve estabelecer a prorrogação em caso de vencimento e exigência de o locador negociar seis meses antes do fim do prazo se quiser retomar o imóvel. “Uma medida de proteção ao locatário é registrar o contrato em cartório de imóveis. Assim, em uma eventual venda do prédio, o comprador é obrigado a respeitar os termos do contrato”, afirma José Dilecto, do Cavalli e Associados.

> O documento prevê negociações sobre reformas e melhorias?
Se o locatário tiver de adaptar o imóvel para atender ao crescimento da demanda, terá de negociar com o proprietário. É melhor acertar os termos previamente, como compensações no aluguel ou divisão de despesas da obra.

CONTRATOS DE COMPRA OU DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

> A empresa está protegida contra dívidas solidárias?
Um ex-funcionário de uma terceirizada pode processar tanto a antiga empresa quanto a contratante. “É comum a Justiça do Trabalho entender que existe esse vínculo”, alerta Antônio Palma, da FGV. O documento deve prever instrumentos de controle, como a apresentação mensal de documentos de recolhimento de impostos e obrigações trabalhistas pela contratada. O texto também pode prever que, em caso de ação trabalhista, a contratante possa bloquear no pagamento o valor proporcional do processo.

> As condições de pagamento estão estabelecidas em contrato?
O risco é enfrentar questionamento legal e até um calote. Uma proteção é atrelar o pagamento a eventos. Por exemplo, em caso de obras, o contrato pode definir que o desembolso vai ocorrer de acordo com as etapas da construção.

> O objeto de contratação está corretamente definido?
Um contrato vago nesse aspecto pode impedir uma eventual cobrança judicial. O documento deve explicar o que está sendo contratado, com todas as especificações técnicas.

> Há detalhamento sobre multas e compensações?
A cláusula de multa tem de detalhar todas as condições: valores, prazo, correção, índices de correção e incidência de juros por atraso.

> Há cláusula de uso de câmaras arbitrais para resolver conflitos?
A solução de litígios na Justiça comum é a maneira tradicional. No entanto, processos podem ser longos e custosos. “Uma ação pode demorar até seis ou sete anos”, diz a advogada Mayra Palópoli. Uma forma de resolução rápida é prever o uso de câmaras arbitrais, que são entidades privadas que levam no máximo seis meses para solucionar o litígio. A cláusula deve definir a instituição, o número de árbitros e até mesmo a formação de quem for julgar a questão.

CONTRATOS DE VENDA OU DE FORNECIMENTO DE SERVIÇOS

> O objeto de venda está corretamente definido?
Para evitar processos de clientes, o contrato precisa explicar o objeto da negociação, com todos os detalhes.

> Existem proteções contra inadimplência?
Além das multas e outras compensações, o texto pode prever garantias específicas para evitar perdas financeiras, como a exigência de fiança bancária ou de seguro contra o calote.

> O contrato contém uma cláusula de confidencialidade?
Sem proteção, a empresa corre o risco de seus dados sigilosos se tornarem públicos. Isso pode municiar os concorrentes e prejudicar negociações futuras. Em contratos comerciais, as partes com frequência divulgam informações estratégicas sobre o negócio. O comprador, por exemplo, pode requerer informações sobre saúde financeira e capacidade de produção.

Fonte:  PEGN/Por Sérgio Tauhata

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tecnologia não substitui gente capacitada

Geralmente as empresas destinam entre 1% e 3% da receita anual para projetos de tecnologia. Não há dúvida de que à indústria de TI – e seus acelerados avanços – pode ser atribuída grande parte do sucesso e do crescimento da economia mundial. Mas há que se considerar que nenhuma tecnologia é boa o suficiente se atrás dela não houver pessoas capacitadas.
Nos últimos 50 anos o mundo desenvolvido se sentiu desafiado a ganhar mais e mais produtividade. Chega a ser impressionante a velocidade com que o progresso bate à nossa porta, muito em função da tecnologia da informação e comunicação. Estamos ganhando uma velocidade de transformação e de criação ímpares.
Mas, analisando o capital humano que lida com tamanha evolução, percebemos que urgem mudanças estruturais nas empresas. É preciso capacitar às equipes de trabalho de modo que as pessoas sejam estimuladas a desenvolver mais suas habilidades de conhecimento, análise, intuição e criatividade.
A tecnologia da informação por si só não faz milagres. É preciso ensinar as pessoas a extraírem o melhor do contexto em que estão inseridas. Vejamos: determinada empresa investe na infraestrutura de rede, contando com uma estação de trabalho para cada vendedor/atendente. Investe, também, em aplicativos que permitem elaborar e transmitir orçamentos aos clientes em curto espaço de tempo. Entretanto, ao não capacitar sua mão de obra apropriadamente, se arrisca a perder aquele cliente que faz contato por telefone – na esperança de que um profissional especializado compreenda suas necessidades e possa contribuir para a realização de uma compra acertada.
Enquanto o colaborador se preocupa com a 'formalização', o cliente se frustra porque não conseguiu obter 'informação'. No âmbito das pequenas e médias empresas, esse tipo de relacionamento mal resolvido é muito comum, gerando insatisfação. O cliente se queixa do vendedor que, por sua vez, se queixa do sistema que trouxe consigo mudanças no atendimento. Imagine o quanto seria melhor se o vendedor/consultor pudesse destinar cinco minutos daquele dia para ouvir o cliente, compreender como poderia atender àquele pedido de modo que resultasse numa equação 'ganha-ganha', em que todos saem satisfeitos.
Numa outra situação, uma fila de pacientes aguarda – com cara amarrada – a volta do sistema, que 'saiu do ar'. De repente, os mesmos atendentes que até bem pouco tempo colhiam dados do paciente, transcrevendo tudo para o papel e repassando depois para os médicos e para a administração, sentem-se incapazes de resolver qualquer coisa que dependa do acesso ao computador. Não fazem isso por vontade própria, é claro. Mas porque faltou à direção da empresa capacitá-los para que desenvolvessem o senso de oportunidade e improviso. Preferem, também nessa situação, arriscar o relacionamento com o cliente.
Não se pode duvidar que a tecnologia nos dotou de velocidade suficiente para atender às demandas da nova economia. Mas é preciso aguçar o senso crítico e perceber que a tecnologia, por mais avançada que seja, ainda não substitui a tomada de decisão dos seres pensantes que fazem uso dela. O sucesso não vem fácil, mas chegará mais rapidamente se os empreendedores privilegiarem seus colaboradores e incentivarem o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e comportamentais.

Fonte: Portal Administradores.com por Adriano Filadoro