segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mentes conquistadas – o poder do marketing bem feito

A empresa que entender que o importante é marcar presença nas mentes infantis que são bombardeadas todos os dias e por todos os lados, vai conseguir dar esse "aproach" quando entender que "o primeiro sutiã a gente nunca esquece", assim como as primeiras mensagens ficarão para sempre.

Marcar presença, fixar um conceito, agradar e conquistar mentes e corações, esse é o inferno astral do profissional de marketing, que deve criar modas, distribuir saudades, construir sonhos. Marketing é paixão e também emoção, é banana flambada com sorvete que lambuza os beiços e faz lembrar da infância, da pureza e do prazer.

O marketing deve utilizar o elemento saudade como um composto que grava e busca a lealdade. Deve haver ainda muitos consumidores de Toddy que relembram dos personagens de plástico que vinham dentro do produto, e das muitas crianças que o consumiam rapidamente para comprar novamente o produto e se beneficiar da novidade. Ah! Que saudades!...

Marketing é magia e encantamento. É entrar no inconsciente coletivo e marcar presença sem saber sabendo, sem provocar provocando, sendo sutil e ao mesmo tempo caudaloso como um rio e sabendo a hora certa de penetrar e a hora certa de retirar.

Marketing é guerrear com as armas que se tem. No fundo, marketing é muito mais do que paixão, é questão de percepção. Se os homens de empresa entendessem que a maioria dos problemas depende de percepção, seria muito mais fácil e menos custosa a solução.

Não existem fórmulas fáceis e poderíamos dizer que marketing é, e continuará sendo, 98% de transpiração e 2% de inspiração. Pois essa busca das sutilezas do pensamento e da ação é feita por pessoas que entendem da vida, das aspirações, dos negócios e também da sedução.

Marketing é sedução pura, sutil e também delicada de uma combinação da alma atormentada do diabo com a espiritualidade dos deuses. Marketing é o sonho transformado em realidade. É criar com criatividade e também disparar a adrenalina combatendo os males da vida, fazendo com que os mistérios se tornem cada vez mais enigmáticos e também com que os segredos possam ser aos poucos desvelados. Marketing é sabedoria e também batalhas e noites sem dormir, comendo sanduíches e afinando encontro de afinidades.

O marketing nunca deve esquecer que o melhor produto é aquele que vende muito, porque todos dizem ao próximo algo sobre ele, e que dá lucro. A melhor propaganda é a boca-a-boca que transborda e convence.

O marketing é ter o produto certo para o público incerto, tentando encontrar a busca do sonho com o encontro do sonho. Numa orquestra em que os lados possam funcionar e na qual o maestro seja ele, o consumidor que tem fraquezas, desejos e adora ser quase sempre bem tratado e, por que não, respeitado. Encantar esse cliente é tarefa diária e vital para o homem de marketing.

Podemos dizer, parafraseando Kotler que "o marketing é a tarefa, assumida pelos gerentes, de avaliar necessidades, medir sua extensão e intensidade e determinar se existe oportunidade para lucro".

E quem chegar primeiro na mente dos consumidores tendem a permanercer mais tempo. Marketing é muito simples....


Fonte: Portal Administradores.com por Robson Paniago

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Como mediar um conflito dentro da empresa?

As mais diversas situações de conflito podem aparecer em uma companhia, seja com outras empresas, com consumidores, com fornecedores, entre os departamentos e os funcionários. Diante desse cenário, como solucionar o entrave que, se não cuidado, pode se transformar em um caos? Um mediador pode ser a solução.

A mediação é um processo que pode ser exercido por qualquer pessoa capacitada e que objetiva a resolução satisfatória de um impasse. Contudo, sem ética e responsabilidade, de nada adiantará a atuação desse personagem.   "O mediador deve lançar mão de preceitos do direito, da psicologia, da comunicação, entre outras áreas de conhecimento. Mediadores despreparados não levam em conta algumas etapas e partem para uma mediação sem critérios", afirma a presidente da Conima (Comissão de Mediadores do Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem), Ana Luiza Isoldi.

Quem pode ser?
 
Na maioria dos casos, a ação específica de um profissional do RH (recursos humanos) pode ser o mais prático para a companhia. Por já terem estudado esse tipo de situação, avalia Ana Luiza, esses indivíduos não se sentirão incomodados com o trabalho.
Outra variável é o treinamento dos funcionários para lidarem com situações de conflito, o que tornará a convivência entre os profissionais mais sadia, já que as técnicas serão utilizadas diariamente. Ainda assim, após esses casos, um mediador externo poderá ser contratado conforme a opção da empresa.

Entretanto Ana Luiza ressalta as situações em que o superior for nomeado como mediador. "O chefe poderá ficar em uma situação delicada, já que terá informações confidenciais de cada funcionário. Além disso, ele também pode fazer parte do problema".

Porém, no caso de o conflito ser de cunho pessoal, o chefe poderá desempenhar a função de mediador, reitera a especialista. "Ao realizar a mediação, as pessoas passarão a trabalhar com mais vontade e a produtividade aumentará", completa.

O processo
 
De acordo com Ana Luiza, o processo de mediação possui várias fases que envolvem preparação, abertura, investigação, agenda, comunicação, levantamento de alternativas, negociação e escolha de opção e fechamento.    A especialista sustenta que os interessados em utilizar a mediação devem estar atentos à formação técnica e ética de um mediador. Confira, abaixo, as técnicas mais usadas durante um procedimento de mediação:

* Escuta ativa: o mediador estimula as partes a ouvirem as outras, proporcionando a expressão das emoções. 

* Parafraseamento: o mediador reformula as frases sem alterar seus sentidos com o intuito de organizá-las, sintetizá-las e neutralizar os conteúdos.    Formulação de perguntas: o mediador faz indagações pertinentes à compreensão do conflito para explorar soluções viáveis. 

Resumo seguido de confirmações: permite que as partes observem como seus relatos foram registrados. 

Encontros com as partes: o mediador promove encontros em separado com as partes, sob confidencialidade.

Brainstorming (em inglês, tempestade de ideias): muito usado na publicidade e em ações de marketing, incentiva a criatividade e faz com que as partes possam expressar o que está na mente, para garimpar as ideias mais valiosas.

Teste de realidade: busca uma reflexão objetiva das partes acerca do que está sendo colocado ou proposto. 


Fonte: Infomoney


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Como não virar escravo da internet?

Já somos quase 70 milhões os brasileiros ligados à grande rede e estamos entre os maiores consumidores de internet no mundo. Segundo pesquisa Ibope Nielsen Online, consumimos em média 66 horas por mês navegando em alguma das mil plataformas que o mercado não para de criar. Dá mais de duas horas por dia.

Além do nosso tempo, gastamos também um bom dinheiro para isso: de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), a assinatura de serviço de internet banda larga já responde por 9,6% da renda média dos usuários.

Pela internet, podemos fazer de um quase tudo: trabalhar, estudar, nos informar, brincar, namorar, jogar, comprar, fechar negócios, cuidar dos filhos, acompanhar novelas ou o futebol, até fazer sexo à distância.

Do primitivo e pesadíssimo computador portátil do começo dos anos 90 do século passado, que a gente chamava de “marmita” nas redações, e que depois ganhou uma infinidade de nomes e modelos, aos iPad e iPhone e o diabo a quatro, foi uma evolução tão rápida e violenta que nem nos demos conta de como a internet mudou as nossas vidas.

Quando fui convidado pelo jornalista Caio Túlio Costa, então presidente do iG , no começo de 2008, a criar um blog no portal, resisti até onde pude, argumentando que já estava velho para virar um escravo da internet, tinha medo de deixar de ser dono do meu tempo.

Além disso, achava que já havia blogs demais no mercado e, um a mais ou a menos, não faria a menor diferença nesta selva eletrônica. Pois ele acabou me convencendo, argumentando, além de oferecer um bom salário, que esta era a melhor forma de prosseguir no jornalismo, que não havia futuro para nós fora da internet.

No começo, ainda procurei me disciplinar, reservando horários para atualizar o blog e fazer a moderação de comentários. Com o passar dos dias, este tempo foi-se alargando gradativamente, sem que eu percebesse. Virou um trabalho online full-time, em que abro o computador antes das nove da manhã e só fecho depois das nove da noite, em dias normais.  

Fora o trabalho no Balaio propriamente dito, esta função de blogueiro me obriga a acompanhar o noticiário nos diferentes portais e a estar sempre consultando as mensagens que recebo sem parar porque é daí que tiro novos temas para poder comentar.

“Você está ficando viciado nisso!”, a família começou a reclamar, com razão. Não adiantava explicar que este é meu trabalho, meu ganha pão, o que me permite pagar as contas no fim do mês, e não um hobby, um brinquedo eletrônico como acontece com muita gente que não sai do computador. 

No último feriadão, durante o retiro espiritual anual com os meus Grupos de Oração num hotel-fazenda no interior de São Paulo, dei-me conta do estágio a que havia chegado. O tema do encontro era “Alegria e Silêncio”, mas eu continuava na mesma rotina como se não tivesse saído do meu escritório.

Procurei me dividir entre as atividades dos grupos, o convívio com a mulher, os amigos e os três netos que foram com a gente e o notebook, sempre ligado na varanda da piscina _ algo, claro, impossível de conciliar.

“Fecha esse negócio!”, cansaram de me pedir os amigos e os netos toda vez que me viam trabalhando. Era como se eu fosse um ET num ambiente dominado pela meditação, a espiritualidade, o transcendente, por alguns dias deixando as pessoas longe do mundo externo e dos seus compromissos.

Ninguém queria saber das notícias que não paravam de ser produzidas em algum lugar lá fora. E para mim era difícil me concentrar nos textos bíblicos e nas reflexões levantadas pelos companheiros orantes. Dava a impressão de vivermos em dois mundos diferentes. Prometi aos colegas que não levarei mais o notebook nos nossos próximos retiros. Eles tinham toda razão ao me repreender, e aproveito para agradecer a todos.

Lembrei-me do amigo Zélio Alves Pinto, o grande cartunista e artista plástico, também membro dos Grupos de Oração, mas que não estava neste retiro. Ele passava o dia criando suas obras no ateliê instalado nos fundos da sua casa. Um dia, seu filho Fernando, que estava começando a ir à escola, lhe perguntou:

“O senhor nunca vai trabalhar como os pais dos meus colegas, que saem de manhã e voltam à noite? Fica só aí desenhando o dia inteiro?”

Como acontece com meus netos, Zélio também teve dificuldades para explicar a Fernando que aquele era seu trabalho.

Mas ainda bem que não estou sozinho nesta batalha, dividido entre o trabalho na internet, a família e os amigos, sem falar nos outros compromissos profissionais (reportagens para a revista Brasileiros, palestras, consultorias).

“Abuso de aparelhos eletrônicos provoca conflito cerebral”, leio hoje na página C9 da Folha, que trata exatamente deste problema.


Fonte:   Trecho da matéria de Matt Richtel, reproduzida do “The New York Times”:

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entenda os riscos da exploração do petróleo Principais perigos envolvem explosões, como a da BP no Golfo do México. Especialistas relembram desastres e como estragos foram controlados.

A exploração de petróleo é uma atividade cheia de riscos. Requer tarefas perigosas como perfurar rochas em regiões ultraprofundas, enfrentar pressões altíssimas e manipular volumes gigantescos de gás. 


O acidente que ocorreu em abril com a plataforma Deepwater Horizon, da petrolífera britânica BP, no Golfo do México, é um exemplo dos tipos de danos que qualquer erro no processo de perfuração das reservas do óleo podem causar.


O desastre matou 11 funcionários da empresa e causou graves prejuízos ambientais e econômicos na costa sul dos Estados Unidos, especialmente nos setores de pesca e turismo, além de abalar a popularidade do presidente Barack Obama e complicar as relações entre Washington e Londres. A BP tenta há meses, sem sucesso, estancar definitivamente o vazamento.

 O G1 consultou especialistas para saber quais são os perigos mais comuns e como a indústria de petróleo precisa agir em caso de emergências.


O professor Ricardo Cabral de Azevedo, doutor do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Universidade de São Paulo (USP), compara a perfuração de um poço de petróleo à construção de um túnel: o caminho precisa estar pronto, reforçado e cimentado para que seja seguro o 'trânsito' de óleo por ali. Antes disso, qualquer fluido que entre no poço, como gás, detritos e o próprio petróleo é indesejado e representa risco para a exploração.


"Enquanto você está perfurando , está criando uma superfície rochosa em volta do poço que pode ser insegura", diz o professor.  "Então após perfurar cada trecho do poço, quando necessário, você desce um revestimento de aço para sustentar essa parede".

Os "invasores" mais perigosos nessa etapa da perfuração são o petróleo e o gás. "O mais perigoso é o gás, porque ele é muito leve, ele pode subir até a superfície", explica.

Tipos de acidente
Para o ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) David Zylbersztajn, a maior parte das medidas de precaução das petrolíferas busca evitar o vazamento de gás. "Hoje o que chama mais a atenção e é temido são os casos como o da BP, de vazamentos que terminam em explosão", explica.

De acordo com Azevedo, da USP, há dois tipos principais de acidente que podem ocorrer na perfuração do petróleo: o kick e o blow out. Os dois envolvem a invasão do poço por fluidos.
O 'blow out' é a pior situação possível para um poço de petróleo: pode provocar explosões, incêndios, um acidente de grandes proporções"
Ricardo de Azevedo

"O kick é quando entram fluidos no poço, não necessariamente chegando à superfície". Nesse caso, técnicos injetam  substâncias mais pesadas no poço para impedir que os fluidos saiam de controle.

O mais perigoso, no entanto, é o gás: leve, ele pode subir e alcançar o contato com a superfície mais facilmente. "Quando o gás chega à superfície você tem o 'blow out', que é a pior situação possível para um poço de petróleo: você tem vazamentos de fluidos para o meio ambiente que podem provocar explosões, incêndios, um acidente de grandes proporções".

Erros na BP
Meses após o acidente no Golfo do México, ainda não se sabe exatamente quais foram as causas do desastre. "Uma coisa que pode ter acontecido são falhas na cimentação, que permitiram que houvesse espaço para esse gás migrar por entre o cimento e chegar até a superfície.  É uma profundidade de 3 mil, 4 mil metros, na hora de cimentar você não está vendo o que está fazendo então você corre sérios riscos de não ter cimentado completamente", diz o professor, ressaltando que essa é apenas uma das muitas possibilidades de explicação para a tragédia.

Na opinião de Zylbersztajn, a petrolífera britânica investiu menos em segurança do que devia. "O que parece até agora é que eles (da BP)  foram mesquinhos em termos de gastos de segurança, a típica economia 'burra'. Economizaram X para depois gastar 50 x para consertar o desastre. É o tipo de economia que a Petrobras, considerada uma das melhores do mundo, não faz", afirma.

O professor Wilson Siguemasa Iramina, do curso de Engenharia de Petróleo da USP, diz que o verbo "economizar" é proibido no vocabulário de uma petrolífera.

"[A exploração de petróleo] É uma atividade de risco. A cada cinco poços, apenas um deve ter óleo e o gás. Os outros não produzem e não pagam o investimento. Todas as empresas têm que ter muito dinheiro para investir nisso", diz.

Para  Zylbersztajn, o descuido nos investimentos em segurança da BP é consequência também das falhas na fiscalização do setor nos EUA. "O governo americano na era Bush afrouxou muito as regras e a fiscalização. No Brasil, a ANP faz uma fiscalização bem mais rígida", diz.

Mudanças depois do desastre
De acordo com o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o acidente da BP representa um marco no mercado de petróleo, que passará a se preocupar ainda mais com a segurança na exploração.

"Qualquer exploração no mar daqui para a frente vai ficar muito mais cara. Primeiro porque as próprias seguradoras vão aumentar o seguro de plataforma.[...] Além disso, as próprias autoridades governamentais tendem a dificultar mais o licenciamento ambiental para explorar petróleo no mar, e a exigir equipamentos de maior grau de segurança. Isso tudo aumenta custos", afirma.

Apesar disso, ele afirma que a produção do óleo deve continuar a crescer, junto com a demanda pelo produto. "O grande desafio é descobrir como você aumenta a produção de energia com mais garantias ambientais, tendo menos acidentes e também emitindo menos gás carbônico", diz.

Controle dos estragos
Na iminência de um acidente ou explosão em uma plataforma de petróleo, a primeira alternativa é fechar o poço o mais rápido possível, explica Ricardo Azevedo. "Para isso você tem o chamado 'blow out preventer', que é um conjunto de válvulas feitas para fechar o poço em qualquer situação".
A BP tentou fechar o poço, mas infelizmente equipamento não funcionou"
Ricardo de Azevedo

No acidente da BP, essa tentativa foi feita, de acordo com o especialista da USP. "Quando eles (da BP) viram que o fluido estava chegando próximo da superfície, eles deveriam ter fechado. E eles tentaram fazer isso, mas infelizmente esse equipamento, o blow out preventer, não funcionou".

Conforme avalia Zylbersztajn, o ideal é que a BP tivesse mais de um sistema de segurança que pudessem ser acionados no caso de um vazamento como o ocorrido.

"O que faltou lá foi a redundância: quando uma coisa falha tem que ter outra para a mesma finalidade. Se um não funciona, o outro tem que funcionar", diz ele, que cita como exemplo de recurso que falhou o alarme da plataforma, que estava desativado no momento do acidente para não acordar a tripulação com falsos alertas. "O alarme poderia ter ajudado a salvar vidas".

Outra alternativa para amenizar estragos é a que a BP tenta concluir atualmente: perfurar poços de alívio, que podem demorar até três meses para ficarem prontos, estima o professor da USP.

"Você perfura poços ao lado do poço principal que vão 'matar' o poço, ou seja, vão injetar fluidos densos que vão interromper o fluxo de óleo. E depois logo em seguida vão preencher com cimento uma parte do poço dessa tubulação e vão vedar, ou seja, esse poço não vai produzir mais", afirma Azevedo.

O coordenador do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, Itamar Sanches, ressalta que em casos de acidentes como o da BP é fundamental garantir a segurança e assistência aos funcionários que trabalham nas plataformas.

"O que eu acho triste é que todo mundo fala no vazamento, na questão ambiental, que é importante também, mas ninguém fala nas famílias desses onze trabalhadores que morreram (no acidente da BP)", diz Sanches.

No Brasil
O professor Ricardo Azevedo lembra que já houve casos no Brasil em que foi preciso fechar um poço de petróleo em situação emergencial; um exemplo é o da plataforma da P-36. "A plataforma afundou mas não houve nenhum derramamento de óleo no mar, exatamente porque o equipamento para fechar o poço funcionou perfeitamente", diz.

Nas reservas de petróleo do pré-sal, localizadas em águas ultraprofundas, a perfuração é ainda mais difícil.

"No caso do pré-sal você tem águas ultraprofundas, até mais profundas do que essa do Golfo do México (do acidente com a BP). Você tem pressões altíssimas, suficientes para amassar o aço como se fosse uma folha de papel. A maioria dos equipamentos que o ser humano dispõe não funciona nessas condições. Um submarino muito antes de chegar nessa profundidade já é esmagado", explica.
No pré-sal, você tem pressão que amassa o aço como se fosse uma folha de papel "
Ricardo de Azevedo

Para o professor, no entanto, o domínio tecnológico e investimento em segurança utilizados no Brasil pela Petrobras são reconhecidos internacionalmente.

"Eu fico tranqüilo porque a nossa qualidade é uma das melhores do mundo, inclusive superior a essa que foi utilizada no Golfo do México, onde aconteceu o acidente. O Brasil e a Noruega são dois países que são referência nesse tipo de tecnologia", afirma.

Wilson Siguemasa Iramina, professor do curso de Engenharia de Petróleo da USP, diz que perfurar o sal em águas ultraprofundas é bem mais difícil do que perfurar rocha: qualquer movimento brusco ou mesmo o uso de fluidos pode fazer a estrutura desmoronar.

"O sal não se comporta como uma rocha, ele se mexe. As técnicas de usar fluidos à base de água, que são usados para preencher os furos com água e evitar que a parede caia, poderiam dissolver o sal e desabar a camada, fechando o poço", explica.

Amenizar impactos
Embora tenha níveis de segurança adequados, o Brasil deve se preocupar  em planejar e tornar conhecidos os planos de ação que serão adotados em caso de acidentes petrolíferos, afirma Zylbersztajn.

"A gente não pode apostar na infalibilidade de equipamento, não existe nada com risco zero. E como os impactos são muito grandes, a sociedade merece uma explicação do que seria feito no caso de um acidente. Ainda mais no pré-sal, em que a exploração é feita a 300 km da costa. Não se sabe como seriam transportadas pessoas, equipamentos, produtos dispersantes de óleo", diz o ex-diretor da ANP.

O G1 entrou em contato com a Petrobras para comentar seus procedimentos de segurança na perfuração do óleo, mas a empresa informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.