quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sete lições da Copa do Mundo para quem investe em ações

Nas últimas semanas, todos os olhos estiveram voltados para a África do Sul. Assistir aos jogos de uma Copa do Mundo pode ser uma boa oportunidade para aprender dribles ou jogadas que poderão aplicados na próxima pelada. Segundo Brett Arends, colunista do "Wall Street Journal", o Mundial da Fifa também lhe dá a chance de aprender a investir melhor em ações. Abaixo Arends aponta as lições do futebol para quem prefere jogar no mercado financeiro:

1 - Não se surpreenda com qualquer coisa: Quem diria que os dois finalistas da Copa de 2006 - a França e a Itália - seriam eliminados na primeira fase do Mundial? Quem apostaria que a Suíça iria ganhar da Espanha? Pois é, surpresas acontecem o tempo inteiro no futebol e no mercado de ações. Esse tipo de evento foi denominado pelo ex-operador de bolsa Nassim Nicholas Taleb de "cisne negro" porque, até ser avistado o primeiro, todo mundo achava que todos os cisnes eram brancos. Da mesma forma, há alguns meses ninguém ousaria pensar que o Lehman Brothers quebraria ou que a General Motors quase iria à falência. O escritor inglês P.G. Wodehouse costumava dizer que não podemos "confundir o incomum com o impossível". A única coisa que ainda surpreende é justamente o fato das pessoas se surpreenderem.

2 - Jogue na defensiva: Existe uma frase no futebol que "você só precisa de um segundo para marcar um gol". Mas como o goleiro da Inglaterra Robert Green demonstrou durante a partida contra os Estados Unidos, a realidade é que você precisa de apenas um segundo para dar um gol de graça ao adversário. Muitos investidores sabem bem como isso funciona. Não adianta nada ganhar dinheiro com diversas operações no mercado financeiro e apenas um pequeno deslize pode anular todos os ganhos anteriores. Lógico que tanto no mercado financeiro como no futebol, jogar no ataque é muito mais excitante. Mas lembre-se que, se uma ação cair 50%, terá de subir 100% para que você recupere todo seu dinheiro.

3 - Pense globalmente: A Copa é uma das poucas ocasiões na qual o torcedor mais fanático abandona sua paixão por uma seleção eliminada e continua a acompanhar o campeonato até o final independente de que times tenham chances de vencê-lo. Trazendo isso para o mercado financeiro, a lição é que não adianta olhar apenas para as ações negociadas no mercado local. Se o mercado chinês tem mostrado um desempenho tão bom quanto as seleções da Argentina ou da Alemanha, é para lá que o investidor deve ir. Mesmo os americanos, que estão entre os investidores mais globalizados do mundo, acreditam que o grande problema da maioria dos portfólios de ações é a tendência de apenas incluir papéis de empresas dos Estados Unidos. Investir globalmente ajuda a diversificar suas apostas e a reduzir o risco de sua carteira. Estudo a AQR Capital Management mostrou que uma carteira de investimentos internacionalizada pode garantir melhores retornos ao longo dos anos com menos reveses no curto prazo.

4 - Não deixe a esperança lhe cegar: É compreensível que um norte-coreano torça pela seleção nacional, não importa o quão ruim ela seja. O que não dá para entender é por que alguns investidores aplicam dinheiro em péssimos negócios, com um corpo de executivos ruim, uma estratégia inadequada e produtos que não atendem ao desejo do consumidor. Não adianta rezar por bons resultados que eles não virão nunca. Se o investimento não está lhe trazendo o retorno esperado, pare de reclamar. Venda.

5 - Seja paciente: Apesar do título obtido em 1966, a seleção inglesa carrega a fama de jogar melhor fora de casa do que no Reino Unido. Em uma entrevista a uma TV britânica, Pelé uma vez disse que falta paciência aos ingleses quando sua torcida está nas arquibancadas. Assim também é o mercado de ações. Warren Buffett, o Pelé do mundo dos investimentos, disse uma vez que o mercado acionário é uma forma eficiente de transferir dinheiro do apressado para o paciente. Como a maioria dos grandes investidores, Buffett prefere não se precipitar e aguardar uma boa chance de marcar um gol sem correr riscos exagerados.

6 - Tenha uma margem de segurança: A seleção eslovaca parecia ter o jogo na mão após ter marcado dois gols na partida contra os Estados Unidos. Mas ao final a impressão que ficou é que os EUA tiveram azar de não virar aquele jogo. Para o investidor, a lição que fica é de nunca confiar demais no seu jogo. Imprevistos podem acontecer. O investidor Bem Graham chegou à mesma conclusão depois do crash de 1929. Os preços das ações despencaram naquela época, mas Graham tinha o que ele chamou de ?margem de segurança?. Por via das dúvidas, Graham só comprava ações que estivessem cotadas com um terço a menos do que seu valor real. Isso, por si só, já limitava as possibilidades de perda.

7 - Não confie demais nos juízes: Os erros cometidos pela arbitragem nos jogos da Alemanha contra a Inglaterra e da Argentina contra o México foram vergonhosos. Da mesma forma, as instituições reguladoras do mercado financeiro também podem cometer falhas grosseiras. Em 2008, o Federal Reserve (o BC dos EUA), a SEC (a agência reguladora dos mercados americanos) e o Departamento do Tesouro se recusaram a enxergar o óbvio: que havia uma bolha no mercado imobiliário americano. Também não imaginavam como estava a situação dos grandes bancos e pareciam não entender o que havia sido feito no mercado de derivativos exóticos. Arbitragens duvidosas são tão frequentes no futebol quanto no mercado de ações. Então não tome decisões com a suposição de que os reguladores sempre salvarão as bolsas.

Fonte: Portal Exame por Gabriela Ruic

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Brasileiros confiam mais nos jornalistas e publicitários em comparação com populações de outros países Análise é resultado de uma pesquisa da GfK que mediu a confiança da população em profissões e organizações


Bem avaliados entre os brasileiros, jornalistas e publicitários não detêm a mesma confiança em outros países. A análise é resultado de um estudo realizado pela GfK, 4ª maior empresa de pesquisa de mercado no Brasil e 4º maior grupo mundial do setor, que mediu o nível de confiança da população em profissões e organizações no Brasil, em 15 países da Europa, nos EUA, na Colômbia e na Índia. 

No Brasil, com 76% do índice de confiança dos cidadãos, os jornalistas conquistaram a 6ª posição; na avaliação mundial, os profissionais estão na 11ª colocação, com 41%. O ranking nacional também foi melhor para os publicitários, que garantiram o 7º lugar, com 71%; internacionalmente, a categoria ficou na 15ª colocação, com 30%.

Já a confiança da população brasileira nos profissionais de marketing é de 67%, na 11ª posição; nos outros países consultados está em 13º lugar, com 39%.

No ranking geral, os bombeiros são apontados como os profissionais mais confiáveis, com 98% das menções entre os brasileiros e 94% entre as populações do resto do mundo. A categoria com pior avaliação é a dos políticos, com 11% do índice de confiança no Brasil e 14% internacionalmente.

A pesquisa

A pesquisa da GfK determina o nível de confiança que os cidadãos têm em 20 grupos profissionais e organizações: advogados, bombeiros, carteiros, diretores de grandes empresas, executivos de bancos, Forças Armadas, funcionalismo público, instituições de caridade, instituições religiosas, jornalistas, juízes, médicos, organizações de proteção ao meio ambiente, pesquisadores de mercado, policiais, políticos, professores do ensino fundamental e médio, profissionais de marketing, publicitário e sindicatos.

O estudo foi realizado no Brasil, em 15 países da Europa, nos EUA, na Colômbia e na Índia. Foram ouvidas 18.800 pessoas (1.000 no Brasil), com idades acima de 18 anos, entre os dias 1º e 29 de março de 2010


De maior confiança para menor
Índice de Confiança
Brasil
Internacional
2010 (%)
2009 (%)
2010 (%)
2009 (%)
Bombeiros
98
95
94
92
Carteiros
92
90
82
81
Professores do Ensino Fundamental e Médio
87
81
84
85
Médicos
87
82
84
81
Exército
84
77
81
81
Organizações de Proteção ao Meio Ambiente
80
74
62
64
Pesquisadores de Mercado
80
77
55
55
Jornalistas
76
79
41
12º
41
11º
Publicitário
71
65
29
15º
28
15º
Instituições religiosas
70
62
11º
58
66
Instituições de Caridade
68
64
10º
59
60
Juízes
67
10º
62
11º
62
57
Profissionais de Marketing
67
11º
66
33
13º
39
12º
Diretores de Grandes Empresas
64
12º
57
12º
31
14º
33
14º
Advogados
57
13º
56
13º
46
10º
47
Funcionalismo Público
56
14º
53
14º
58
57
Policiais
51
15º
48
15º
75
61
Sindicatos
50
16º
49
16º
42
11º
43
10º
Executivos de Bancos
47
17º
38
17º
42
11º
37
13º
Políticos
11
18º
16
18º
14
16º
18
16º
Fonte: GfK Brasil

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ritmo do mercado marca a formação dos profissionais de administração Enquete do CRA-SP mostra que cursos da área têm dificuldades de preparar profissionais, pois não conseguem acompanhar mercado

Com novas tecnologias, novos conceitos, como o de sustentabilidade, e mudanças constantes no cenário econômico, a maneira como se administra uma empresa dificilmente se mantém a mesma. O processo de formação de administradores também sofre alterações ao longo do tempo por disso. Mas será que o ensino da área está em sintonia com o mercado?

A pergunta foi feita pelo CRA-SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo) aos seus associados por meio de enquete. O resultado mostra que 53,54% dos cerca de 3 mil entrevistados acreditam que apenas em parte os cursos superiores de administração têm formado profissionais preparados para o mercado. Já outros 31,91% acreditam que a educação e o novo mercado não estão em sintonia e os estudantes de administração saem das faculdades despreparados. Já para outros 14,55% os cursos têm formado profissionais adequados.

“Percebemos que, diante das exigências do mercado, algumas escolas estão em descompasso”, diz o presidente do CRA-SP, Walter Sigollo. “Muitas escolas não têm a mesma velocidade do mercado e não conseguem acompanhar as mudanças. Hoje, nas empresas, tudo é mais imediato”, avalia. Para a coordenadora do curso de Administração da PUC-SP, Elisabete Adami Pereira dos Santos, não se pode generalizar. “Os níveis entre as faculdades diferem muito. As escolas de primeira linha têm se preocupado em colocar na grade temas de interesse das empresas”, afirma.

Mercado de trabalho x Ensino

Noções de contabilidade, marketing, economia, direito e tantas outras áreas fazem parte da grade de um curso tradicional de administração, que agora também conta com matérias mais ligadas à tecnologia da informação e sustentabilidade. Mesmo com todas as mudanças, é difícil acompanhar a velocidade do mercado. “A velocidade das mudanças na empresa é mais rápida que nas universidades”, aponta Sigollo.

Apesar disso, muitos estudantes que saem das faculdades de administração sentem-se satisfeitos ao final do curso. É o caso de Fernando de Camargo Santa Rosa, 30, que se formou em 2008 pela Faculdade Anhanguera, de Bauru. Ele confessa que não tinha expectativas quando entrou na faculdade. “Hoje, vejo que poderia ter aproveitado melhor o que o curso me ofereceu”, diz.

Quando Camargo decidiu por administração, acreditava que o curso envolveria a vontade que ele tinha de unir o contato com pessoas e números. “Mas, depois, vi que administração se aplica a muitas áreas. O curso me ajudou a planejar, controlar, organizar e aplicar”, resume. Apesar de ter gostado do curso, Camargo não trabalha na área.

Ele atua como supervisor operacional de uma empresa em Bauru, mas pretende fazer uma especialização para tentar atuar com administração, focada em gestão de pessoas.

Para a professora e coordenadora da PUC, entrar no mercado de trabalho não é uma dificuldade para os alunos de escolas de primeira linha. Elisabete ressalta que o mercado exige muito mais do que de fato é necessário para um aluno com boa formação. “O mercado exige muito no papel. Entre o discurso e a prática, há uma distância enorme", acredita.

Ela conta que muitos estudantes até se frustram por conta disso, pois, após terem passado por um rigoroso processo seletivo, eles não utilizarão todo o conhecimento exigido quando contratados. “O que ele vai usar é a capacidade de raciocínio e de tomada de decisão”, avalia. Para ela, as empresas ainda têm dificuldades em lidar com a nova geração de administradores e acabam não dando espaço para que eles atuem.

Entrar na área e ter espaço para atuar é o que espera o estudante Danilo Ventura Cuyumjian, 24, que está no primeiro ano do curso à distância de administração da Anhembi Morumbi. “Eu espero o momento de direcionar minha área. Acredito que o curso de administração por si só já me possibilita uma série de coisas que outros cursos não me possibilitariam”, afirma.

Ventura trabalha como professor de inglês e não pretende trabalhar com administração agora. “Assim que o curso me der possibilidade para entrar em uma empresa com carga horária fixa e um salário que permita a troca de área, eu mudo”, afirma. No fim das contas, o estudante planeja conseguir aliar educação com administração.

Um profissional versátil

Para Walter Sigollo, presidente do CRA-SP, independentemente da área que queira seguir, um profissional de administração deve ser versátil, tanto para acompanhar as fortes e rápidas mudanças do mercado, como para conseguir entendê-las. “Ele deve se envolver integralmente no processo da cadeia produtiva. As empresas trabalham no limite e esperam que esse profissional produza quase que de imediato”, ressalta.

Por conta disso, Sigollo acredita que o perfil do bom profissional da área envolve a capacidade de aprender e desaprender tudo de modo rápido, ter boa formação sólida e perspicácia. “E estar um passo à frente, tentando imaginar as tendências futuras”. Essas características formam a base de um bom profissional, mas o que diferencia o administrador no mercado é justamente as especializações. “O grande diferencial é ser um generalista com muitas especializações. Um generalista que conheça a dinâmica das empresas sem ser superficial”, ressalta Sigollo.

Para a professora e coordenadora da PUC-SP, um bom administrador é aquele que consegue manter o “cha” equilibrado – a sigla compõe três competências: conhecimentos, habilidades e atitudes. Os conhecimentos, para Elisabete, se adquirem na faculdade, assim como as habilidades. “Mesmo que ele não utilize alguns conhecimentos técnicos e operacionais, ele tem de ter conhecimentos globais da empresa”, diz. Já o comportamento ético, as atitudes, o profissional traz da formação social e cultural.
Para Elisabete, aqueles que têm boa formação saem na frente. “A formação humanística sustenta o comportamento”, ressalta a professora. É essa formação que o estudante João Paulo Padula Furgeri sente falta. Aluno do terceiro ano da USP, Furgeri faz críticas à ausência de matérias que envolvem cultura geral. “Nós não temos em nossa grade uma matéria que dê alguma formação geral sobre qualquer coisa”, diz. Apesar disso, o estudante se diz satisfeito com o curso.

A formação mais generalista por si só, porém, não forma bons profissionais. A professora da PUC-SP, assim como o presidente do CRA, sustenta que o profissional de administração deve ter uma visão generalista, mas sem deixar de lado as especializações.


Por Camila F. de Mendonça, InfoMoney


sábado, 12 de junho de 2010

5 Coisas sobre Empreendedorismo que nenhuma escola ensina



Nessa semana falei com umas três pessoas que desejam trocar sua vida profissional como executivos para se jogar no seu próprio negócio. Todos eles tinham as mesmas dúvidas… o que aprender, que cursos fazer, quais literaturas são mais indicadas e ai vai. E como sempre recomendei o Empretec, curso de empreendedorismo da ONU trazida pelo Sebrae para o Brasil. Afinal, ele é o tipo de curso intensivo, de uma semana das sete da matina até altas horas da noite, que testa seus participantes no extremo. Uma boa maneira para saber se você deve ou não empreender.


Enquanto isso, deixei para ler um e-mail do Ricardo Jordão, dono da BIZREVOLUTION, que fala sobre o que as faculdades deveriam ensinar aos seus alunos. Achei que cabia muito bem para esses futuros empresários e empreendedores.


Então aqui vai mais uma pérola do Ricardo Jordão…


Eu estudei na escola de propaganda e marketing mais desejada do Brasil: a ESPM. Nos meus quatro anos de ESPM eu nunca fui apresentado a uma matéria chamada EMPREENDEDORISMO. Eu nunca fui apresentado a nenhum tipo de aula sobre como abrir uma agência de propaganda, uma consultoria de marketing ou qualquer coisa do tipo.


Além das aulas, a ESPM oferecia algumas palestras esporádicas que reuniam frequentemente algumas das figuras mais famosas da propaganda brasileira mostrando os seus rolos de comerciais premiados em Cannes. A impressão que você tinha era de que sucesso significava ser premiado em Cannes, ou ter uma grande agência publicidade cheia de contas de cigarros, cervejas e carros.


9,5 em cada 10 amigos que estudaram comigo queriam trabalhar em grandes empresas e grandes agências. O sonho do ESPMer nos anos 90 era virar estagiário do Julio Ribeiro da Talent, mesmo que fosse para trabalhar de graça.


Eu estudei na ESPM no início dos anos noventa, e posso garantir a vocês que nada mudou em 15 anos. Tudo continua igual. A única diferença é que a molecada hoje quer trabalhar na África ou Agência Click ao invés de trabalhar para o Washington Olivetto ou Almap.


Eu acredito que as escolas de negócios deveriam ensinar, incentivar, promover e evangelizar o EMPREENDEDORISMO como caminho para os seus alunos serem bem sucedidos na vida.


Mesmo porque a Agência Click tem meia dúzia de vagas de estágio, e a faculdade tem 600 alunos.      Mas o quê exatamente as escolas de negócios deveriam ensinar sobre empreendedorismo?



1. Lidar com as pessoas. No final de uma faculdade de administração de quatro anos, os jovens passam seis meses fazendo um trabalho de conclusão de curso pasteurizado prá daná. A molecada segue o template que o professor recomenda: “fazer um documento completo com visão, missão valores, metas, números, swot, balanced scorecard, análise competitiva, tecnologia, estratégia, balancete etc”.



A faculdade ensina que o jovem tem que ter um plano bem feito e bem estruturado para a empresa acontecer, e depois, basta implementá-lo para a coisa toda acontecer. Ledo engano. A escola esquece de ensinar que existe o componente pessoas nas empresas, e que esse recurso pode acabar com o super bem estruturado plano de papel.


SUGESTÃO PARA AS ESCOLINHAS DE BUSINESS: Criar a matéria “Aprender a lidar com seres humanos”, onde a molecada será submetida a exercícios de campo onde terão que aprender a influenciar e engajar pessoas de diferentes formações e posições.



2. Ética. A molecada sai da escola sabendo o que são os 4Ps do marketing, mas em nenhum momento são forçadas a refletir sobre as premissas que devem levar em conta ao escolher fornecedores para um determinado produto, formatar políticas de preços para diferentes tipos de clientes, e tratar as pessoas.


A faculdade “ensina” o jovem a desejar crescer na vida, mas não fala nada sobre como crescer fazendo o bem para os outros e para si mesmo. Crescer por crescer é a filosofia da célula do câncer!


SUGESTÃO PARA AS ESCOLINHAS DE BUSINESS: Criar a matéria “Ganha Ganha Ganha”, onde a molecada é obrigada a participar de jogos, simulações e interações sobre a aplicação de diferentes éticas no mundo dos negócios.



3. Ter uma Vida. A grande maioria das pessoas que resolvem se tornar empreendedoras o fazem pensando que poderão levar a vida como bem entender. Entretanto, 99% das pessoas vão perceber logo no início que o negócio nunca fecha, e que o empreendedor nunca pode realmente abandonar a empresa na mão dos funcionários.


É incrivelmente difícil você levar uma vida balanceada quando você é dono do seu próprio negócio. Realmente difícil. Mas é possível. Eu conheço gente que consegue, e por isso acredito que é possível.


Família, filhos, estudos, viagens, saúde, exercício para o corpo, exercício para o o espírito são visões da vida que de alguma maneira precisam andar em conjunto com a empresa. É difícil, mas é possível.


SUGESTÃO PARA AS ESCOLINHAS DE BUSINESS: Criar a matéria “Vida Empreendedora” para ensinar os jovens a lidar com as diferentes cobranças que a vida terá sobre quem é empreendedor.



4. Risco. A verdade é que a grande maioria das pessoas entra em uma faculdade na esperança de sair de lá com seguro de vida que lhe garanta emprego, bons salários, mulheres bonitas e status. A grande realidade é que nada é certo, principalmente quando o assunto é empreender.


SUGESTÃO PARA AS ESCOLINHAS DE BUSINESS: Criar uma matéria chamada “Tudo ou nada” onde a molecada é levada por exercícios que as expõe ao risco de ter tudo ou nada, falar em público, fazer besteira, resiliência e muito mais.



5. Quando investir, e quando não investir. Empreendedor é tudo maluco. Sempre movido pela paixão, o cara visualiza uma idéia e sai fazendo as coisas sem qualquer estudo ou preparo, com isso se estrepa como ninguém.


Nem tudo é convergente, nem tudo é compatível, nem tudo é necessário. Não é porque você vende cartuchos de impressão que você deve vender impressoras.


Como saber se estamos focados demais (e deixando passar oportunidades) ou desfocados demais (e deixando escapar nossa especialização)?   Difícil saber, mas não impossível.


SUGESTÃO PARA AS ESCOLINHAS DE BUSINESS. Criar uma matéria chamada “Conquistar 50 territórios ou 3 continentes a sua escolha” onde o jovem será levado a aprender a como manter territórios enquanto avança mundo afora.

 
Fonte:  PEGN / por Pedro Mello


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nossa melhor aposta A tecnologia é moralmente neutra - cura um câncer e explode a bomba, mas é a via mais segura para resolver muitos dos problemas atuais

Filha de uma feminista e de um filósofo radicais, e já casada com um poeta revolucionário, Mary Shelley tinha apenas 19 anos quando mandou às favas a ambição dos pais e do marido de criar o "homem novo" e criou um "novo monstro": Frankenstein. Escrito sob o impacto da Revolução Industrial e publicado em 1818, seu livro mais famoso é interpretado como marco zero da demonização da tecnologia. Em Frankenstein, ou o Moderno Prometeu, a autora compara a tecnologia a uma força autônoma, que pode resultar em aberração e monstruosidade e acabar voltando-se contra seu criador. Passados dois séculos, só cresceu a estridência da denúncia contra a força maligna das invenções de laboratório. Hoje, a tecnologia é o saco de pancada predileto da geração mais tecnológica da história da humanidade. Acusa-se a tecnologia de poluir as cidades, devastar rios e florestas, aquecer o planeta, causar acidentes, destruir empregos, provocar dilemas morais, afastar as pessoas. Diante disso, é notável que o vento ande soprando na direção contrária - e a tecnologia, finalmente, comece a ser vista não mais como parte do problema, mas como a solução.

Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e célebre ecoapóstolo do fim do mundo, sustenta exatamente esse ponto de vista em Nossa Escolha, seu último livro sobre o aquecimento global. Em Avatar, o diretor James Cameron denuncia a devastação ecológica provocada pela tecnologia justamente no filme mais tecnológico de todos os tempos. Cameron concede que "a solução para salvar nosso planeta também passa pela tecnologia". Mesmo a dramática profecia de 1984, o romance em que George Orwell alerta para os perigos totalitários do avanço tecnológico, foi demolida pelos avanços tecnológicos. Em vez de enfraquecerem a democracia, as conquistas digitais são agora um pesadelo para as ditaduras.

A internet carrega em si um gene democrático. Em março, o Google, o maior site de buscas do mundo, abandonou o mercado da China, com 400 milhões de usuários, em repúdio à censura da ditadura chinesa na internet. "É um momento histórico", festejou o professor Xiao Qiang, da Universidade da Califórnia, que estuda os efeitos da internet na imprensa e na política da China. No ano passado, os jovens iranianos chamaram atenção para seus protestos contra a fraude eleitoral através do Twitter. Yoani Sánchez denuncia ao mundo a vida sob a ditadura cubana através do seu blog. Diz Nina Hachigian, da American Progress, que estudou a internet na China: "A internet, incluindo blogs e Twitter, é uma ameaça política no sentido de que mudou, em definitivo, a dinâmica dos eventos políticos. Os governos não podem esconder informações com a facilidade de antes, mas a internet não é uma ameaça incontornável".

Como força que armazena e difunde informação, a internet é arrebatadora. A Biblioteca de Alexandria, a mais vasta da Antiguidade, reunia 700 000 volumes, até ser criminosamente incendiada. Marco Antônio ofereceu os 200 000 volumes da biblioteca de Pérgamo como prova de amor por Cleópatra. Hoje, só a Amazon tem 500 000 títulos à venda on-line - cada um leva sessenta segundos para ser transmitido por ondas eletromagnéticas ao Kindle, o leitor eletrônico. É impossível censurar o conteúdo de nuvens (o termo técnico para a rede difusa de armazenamento de dados digitais acessados via internet), e as ondas não podem ser incineradas.

A internet criou o "paradoxo da modernidade". Ele se traduz pela absoluta necessidade que regimes de força têm das novas tecnologias para modernizar suas economias de modo a saciar a fome do povo. Mas, junto com o empuxo econômico, a tecnologia digital, baseada no conhecimento, traz a necessidade e a possibilidade do arejamento político. A "diplomacia digital" dos Estados Unidos aposta na força desse paradoxo para enfraquecer regimes ditatoriais. Procura revestir a liberdade de expressão na rede mundial de computadores dos mesmos atributos de bens universais, como o espaço aéreo ou as rotas de navegação. Em março, a Casa Branca anunciou o fim da restrição à exportação de serviços de internet para o Irã, Cuba e Sudão. A ideia é que essas nações hostis sejam contaminadas pelo "paradoxo da modernidade". Em artigo publicado no The Wall Street Journal, o professor Evgeny Morozov, da Universidade Georgetown, resumiu, provocativamente: "Google, Facebook e Twitter são agora meras extensões do Departamento de Estado". É improvável que a "diplomacia digital" obtenha sucesso em um prazo curto. Mas também não parece razoável que, por ser americana, dê ensejo a um "neoludismo", cujos seguidores saiam à noite cortando cabos de fibras ópticas para impedir a propagação da internet.

A tecnologia não é a invenção de um gênio solitário. Ela é o resultado do acúmulo de conhecimento. A tendência é que, quanto mais conhecimento houver, mais tecnologia venha a ser produzida. Essa é sua força. O caráter cumulativo da criação tecnológica explica a velocidade geométrica das novidades e está na base da "singularidade tecnológica". Essa é uma teoria segundo a qual o tempo e o esforço gastos para dar os primeiros passos em uma determinada tecnologia tendem a diminuir drasticamente no caminho evolutivo. Passaram-se séculos entre o primeiro livro impresso e o pioneiro Kindle. Entre o Kindle e algo tão espetacular quanto, digamos, um projetor holográfico tridimensional miniatura de páginas impressas podem se passar apenas alguns poucos anos. A singularidade assusta por prever que, em um futuro de décadas, as máquinas serão infinitamente mais poderosas do que o cérebro humano na sua capacidade de pensar. Isso porque, na capacidade de processar dados, o cérebro humano já perdeu a corrida no século passado.

Ei-nos de volta ao Frankenstein de Mary Shelley - ou seja, à tecnologia ganhando impulso autônomo e abrindo às máquinas a possibilidade de levantar-se contra a humanidade. A revolução robótica é tema recorrente no cinema desde que o diretor alemão Fritz Lang deu alma ao robô Maria no estupendo Metropolis, de 1927. O enredo já apareceu em enlatados, em obras-primas como Blade Runner, de 1982, e avançou para Matrix, de 1999, em que os humanos, já subjugados, é que se rebelam contra a opressão das máquinas. A ansiedade humana em relação à evolução tecnológica, tão clara na atmosfera claustrofóbica da ficção científica, tende a se ampliar à medida que o conhecimento tecnológico vai se sofisticando. É preciso ensinar tecnologia às massas, prega Alec Broers, ex-presidente da Academia Real de Engenharia da Inglaterra e pioneiro da nanotecnologia. Só assim se vencem os mitos e a ingenuidade. Geração de energia e transporte são as áreas em que a tecnologia é mais criticada porque acumula dióxido de carbono na atmosfera e destrói a camada de ozônio. Mas as duas áreas em que pode trazer as melhores soluções são, exatamente, energia e transporte. É isso que Al Gore percebeu ao reconhecer a tecnologia como a aposta para salvar o planeta - já que renunciar a ela é apenas um atalho para a barbárie.

Sendo moralmente neutra, a tecnologia pode servir ao bem ou ao mal. O rádio transmitiu a voz de Franklin Roosevelt para ajudar os americanos a atravessar o calvário da Depressão nos anos 30 e vencer a II Guerra. Do outro lado do Atlântico, o mesmo rádio amplificou os discursos de Adolf Hitler e hipnotizou os alemães num projeto diabólico. "A tecnologia pode tanto promover o autoritarismo como a liberdade, a escassez como a fartura, pode ampliar ou abolir o trabalho braçal", escreveu o filósofo Herbert Marcuse (1898-1979), em Tecnologia, Guerra e Fascismo. O DDT é um santo remédio contra tifo, malária e febre amarela, porque mata os insetos que transmitem essas doenças. Aplicado às toneladas na agricultura, virou veneno para a ecologia, reduzindo a população de pássaros e peixes. O agente laranja é um eficiente herbicida, foi muito utilizado no manejo de florestas no Canadá e na Malásia, mas virou arma na mão dos militares americanos no Vietnã. Na tecnologia, tudo depende do fim para o qual ela é empregada. Sua demonização é uma inutilidade.

Metade da humanidade jamais usou um aparelho de telefone. Há mais telefones em Montreal do que em Bangladesh. A tecnologia, ainda que desigualmente distribuída, é a melhor metáfora da trajetória humana na Terra. A própria civilização começou quando os humanos passaram a utilizar as primeiras tecnologias. "Graças à tecnologia, hoje vivemos o bastante para ver nossos filhos e netos crescer. Quem imagina que estaríamos melhor sem a tecnologia moderna precisa pensar nas durezas da vida da Idade Média", diz W. Brian Arthur, autor de The Nature of Technology, que tem, ele mesmo, uma relação de amor e ódio com a tecnologia. O pensamento religioso, traduzido na ideia de que somos criaturas divinamente concebidas, tende a turvar a percepção de que nossa condição natural é miserável. No tempo das cavernas, tudo era pior: o medo, a dor, a fome, a doença, o frio. A tecnologia nos retirou dessa miséria. Não a todos, mas o pedaço da humanidade que ainda vive na dor e na miséria sairá de lá com mais, e não menos, tecnologia.

A revolução da tecnologia da informação está causando um impacto imenso nas ciências: na sociologia, na psicologia, na biologia, na neurologia. Todas precisam saber, e pouco sabem, do impacto dessa tecnologia e seu imenso volume de informação no comportamento das sociedades e dos indivíduos. O mundo não é mais o mesmo - e faz pouco tempo que mudou. Em Ulysses, que começou a ser publicado em 1918, James Joyce faz seu Leopold Bloom lamentar que a sabedoria popular não encontre vazão na produção literária, sempre tão distante do homem comum. O filósofo Walter Benjamin, morto em 1940, dizia que o homem simples e comum almejava "ser reproduzido", mas a indústria cinematográfica, por cobiça, negava-lhe a realização dessa ambição. Até esse sonho a tecnologia do século XXI materializou. O que é o YouTube senão o púlpito do homem comum com audiência planetária? Singelas mas sábias são as palavras de Alec Broers: "A tecnologia é nossa amiga".


Revista Veja / André Petry