quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sete lições da Copa do Mundo para quem investe em ações

Nas últimas semanas, todos os olhos estiveram voltados para a África do Sul. Assistir aos jogos de uma Copa do Mundo pode ser uma boa oportunidade para aprender dribles ou jogadas que poderão aplicados na próxima pelada. Segundo Brett Arends, colunista do "Wall Street Journal", o Mundial da Fifa também lhe dá a chance de aprender a investir melhor em ações. Abaixo Arends aponta as lições do futebol para quem prefere jogar no mercado financeiro:

1 - Não se surpreenda com qualquer coisa: Quem diria que os dois finalistas da Copa de 2006 - a França e a Itália - seriam eliminados na primeira fase do Mundial? Quem apostaria que a Suíça iria ganhar da Espanha? Pois é, surpresas acontecem o tempo inteiro no futebol e no mercado de ações. Esse tipo de evento foi denominado pelo ex-operador de bolsa Nassim Nicholas Taleb de "cisne negro" porque, até ser avistado o primeiro, todo mundo achava que todos os cisnes eram brancos. Da mesma forma, há alguns meses ninguém ousaria pensar que o Lehman Brothers quebraria ou que a General Motors quase iria à falência. O escritor inglês P.G. Wodehouse costumava dizer que não podemos "confundir o incomum com o impossível". A única coisa que ainda surpreende é justamente o fato das pessoas se surpreenderem.

2 - Jogue na defensiva: Existe uma frase no futebol que "você só precisa de um segundo para marcar um gol". Mas como o goleiro da Inglaterra Robert Green demonstrou durante a partida contra os Estados Unidos, a realidade é que você precisa de apenas um segundo para dar um gol de graça ao adversário. Muitos investidores sabem bem como isso funciona. Não adianta nada ganhar dinheiro com diversas operações no mercado financeiro e apenas um pequeno deslize pode anular todos os ganhos anteriores. Lógico que tanto no mercado financeiro como no futebol, jogar no ataque é muito mais excitante. Mas lembre-se que, se uma ação cair 50%, terá de subir 100% para que você recupere todo seu dinheiro.

3 - Pense globalmente: A Copa é uma das poucas ocasiões na qual o torcedor mais fanático abandona sua paixão por uma seleção eliminada e continua a acompanhar o campeonato até o final independente de que times tenham chances de vencê-lo. Trazendo isso para o mercado financeiro, a lição é que não adianta olhar apenas para as ações negociadas no mercado local. Se o mercado chinês tem mostrado um desempenho tão bom quanto as seleções da Argentina ou da Alemanha, é para lá que o investidor deve ir. Mesmo os americanos, que estão entre os investidores mais globalizados do mundo, acreditam que o grande problema da maioria dos portfólios de ações é a tendência de apenas incluir papéis de empresas dos Estados Unidos. Investir globalmente ajuda a diversificar suas apostas e a reduzir o risco de sua carteira. Estudo a AQR Capital Management mostrou que uma carteira de investimentos internacionalizada pode garantir melhores retornos ao longo dos anos com menos reveses no curto prazo.

4 - Não deixe a esperança lhe cegar: É compreensível que um norte-coreano torça pela seleção nacional, não importa o quão ruim ela seja. O que não dá para entender é por que alguns investidores aplicam dinheiro em péssimos negócios, com um corpo de executivos ruim, uma estratégia inadequada e produtos que não atendem ao desejo do consumidor. Não adianta rezar por bons resultados que eles não virão nunca. Se o investimento não está lhe trazendo o retorno esperado, pare de reclamar. Venda.

5 - Seja paciente: Apesar do título obtido em 1966, a seleção inglesa carrega a fama de jogar melhor fora de casa do que no Reino Unido. Em uma entrevista a uma TV britânica, Pelé uma vez disse que falta paciência aos ingleses quando sua torcida está nas arquibancadas. Assim também é o mercado de ações. Warren Buffett, o Pelé do mundo dos investimentos, disse uma vez que o mercado acionário é uma forma eficiente de transferir dinheiro do apressado para o paciente. Como a maioria dos grandes investidores, Buffett prefere não se precipitar e aguardar uma boa chance de marcar um gol sem correr riscos exagerados.

6 - Tenha uma margem de segurança: A seleção eslovaca parecia ter o jogo na mão após ter marcado dois gols na partida contra os Estados Unidos. Mas ao final a impressão que ficou é que os EUA tiveram azar de não virar aquele jogo. Para o investidor, a lição que fica é de nunca confiar demais no seu jogo. Imprevistos podem acontecer. O investidor Bem Graham chegou à mesma conclusão depois do crash de 1929. Os preços das ações despencaram naquela época, mas Graham tinha o que ele chamou de ?margem de segurança?. Por via das dúvidas, Graham só comprava ações que estivessem cotadas com um terço a menos do que seu valor real. Isso, por si só, já limitava as possibilidades de perda.

7 - Não confie demais nos juízes: Os erros cometidos pela arbitragem nos jogos da Alemanha contra a Inglaterra e da Argentina contra o México foram vergonhosos. Da mesma forma, as instituições reguladoras do mercado financeiro também podem cometer falhas grosseiras. Em 2008, o Federal Reserve (o BC dos EUA), a SEC (a agência reguladora dos mercados americanos) e o Departamento do Tesouro se recusaram a enxergar o óbvio: que havia uma bolha no mercado imobiliário americano. Também não imaginavam como estava a situação dos grandes bancos e pareciam não entender o que havia sido feito no mercado de derivativos exóticos. Arbitragens duvidosas são tão frequentes no futebol quanto no mercado de ações. Então não tome decisões com a suposição de que os reguladores sempre salvarão as bolsas.

Fonte: Portal Exame por Gabriela Ruic

Nenhum comentário:

Postar um comentário